Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza – Mensagem do Presidente da Cáritas Portuguesa
Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza
Mensagem do Presidente da Cáritas Portuguesa
No próximo Domingo, dia 17, assinala-se o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza.
A pobreza é um flagelo que afecta uma parte significativa da população mundial. Muitos seres humanos continuam a viver e a morrer em condições degradantes. Cerca de 1,2 mil milhões de pessoas (20% da população mundial), vive penosamente, muito abaixo do limiar mínimo da pobreza (com menos de um dólar por dia); 850 milhões de seres humanos sofrem de fome e 30 mil morrem de causas directamente relacionadas com a pobreza.
Apesar de a União Europeia ser uma das regiões mais ricas do mundo, 17% da sua população não tem os meios necessários para satisfazer as suas necessidades mais básicas.
Viver na pobreza é sinónimo de ter habitação precária ou não ter alojamento, ter saúde precária e não ter acesso ao sistema de saúde ou tê-lo de forma muito limitada, não ter acesso à educação, não ter acesso à formação profissional, não ter acesso a actividades de lazer, ser excluído financeiramente ou ser sobreendividado, ter acesso limitado às tecnologias modernas, como a internet e outras, entre outras.
Os grupos sociais que correm mais riscos de serem pobres são os desempregados, os idosos e reformados, as pessoas com baixo nível de educação, formação ou habilitações, os trabalhadores precários, os deficientes ou os doentes crónicos, os dependentes do álcool, drogas ou outras substâncias deste tipo, as famílias monoparentais, os jovens adultos, as crianças, os imigrantes, as pessoas com problemas de saúde mental, as mulheres e os ciganos, entre outros.
Dada a sua natureza multi-dimensional, a estratégia de combate à pobreza e à exclusão social nos países europeus e também em Portugal passa pelas seguintes acções: eliminar a pobreza infantil, eliminar a pobreza dentro das famílias, facilitar o acesso ao mercado de trabalho, à educação, à formação, ao bem-estar, vencer a discriminação em geral, procurar resolver as causas da pobreza relacionadas com o sexo e a idade, combater a exclusão financeira e o sobreendividamento, combater a habitação precária, combater a exclusão habitacional e promover a inclusão social dos grupos vulneráveis.
O primeiro Objectivo de Desenvolvimento do Milénio (ODM) é erradicar a pobreza extrema e a fome, reduzindo –a para metade até 2015. Alguns progressos têm sido verificados nesse domínio embora os resultados difiram muito de uns países para outros e até de umas regiões para outras dentro do mesmo país.
Há países, particularmente de África, cujos avanços na luta contra a pobreza ou não têm existido ou têm sido diminutos.
Muitos estão optimistas e acreditam que, apesar dos resultados actuais, o alcance do primeiro objectivo é uma missão possível e com custos aceitáveis. Para isso, é preciso que os países desenvolvidos (PD) façam um grande esforço no domínio da ajuda, da redução do endividamento e das concessões comerciais e, naturalmente, no combate à corrupção. Do mesmo modo é necessário que os países em vias de desenvolvimento (PVD) façam esforços importantes para reformular os seus programas de desenvolvimento.
Mas para que isso seja possível precisamos de “governantes do milénio” para o desenvolvimento. Ou seja, que promovam a cultura da educação, a formação e o trabalho digno, que permita aos pobres beneficiarem das riquezas dos seus países.
Os pobres não necessitam de governantes que instituam a cultura do dinheiro fácil e a corrupção.
Comprometidos com os pobres para o seu desenvolvimento, sendo humanos e justos, respeitando os compromissos de 2000, renovados na declaração de Paris e no programa de Accra e reassumidos na última Cimeira.
A responsabilidade pela redução ou prevenção da pobreza cabe aos Governos do países, mas também a todos os cidadãos, individualmente ou integrados em organizações.
A Cáritas, alicerçada nos princípios da Doutrina Social da Igreja, tem contributos válidos nos domínios sócio-políticos. E quer assumi-los, na medida das suas possibilidades.
Quer estar numa atitude verdadeiramente católica, que o mesmo é dizer universal, atenta a todos os problemas e disponível para acolher todas as pessoas. Quer investir numa intervenção social que não se faça “ao sabor dos tempos”, mas estar desperta para os problemas novos e mais complexos, tentando descobrir soluções inovadoras.
Construamos com os pobres um caminho sério, transparente e respeitoso dos direitos humanos fundamentais e invioláveis.
Em 20015, se os ODM não se alcançarem, não teremos desculpas. Será um fracasso colectivo, lamentável e doloroso para os pobres.
14 de Outubro de 2010
O Presidente da Cáritas Portuguesa
Eugénio José da Cruz Fonseca